sexta-feira, 5 de abril de 2013

Quando o nosso ego nos cega



A maioria dos telespectadores televisivos considera Ana Leal e Alexandra Borges, da TVI, boas jornalistas. É uma ideia de que não partilho por várias razões: são parciais, arrogantes e, pior de tudo, acham que podem substituir-se aos tribunais. Manifestamente violam o código deontológico que rege a profissão todos os dias. Mas esta é a minha opinião. Pior mesmo, e isto é factual, é o facto de estas duas jornalistas se considerarem acima da empresa. Numa empresa a sério, já teriam sido convidadas a sair. Na TVI – bendita paciência – instalam tímidos inquéritos disciplinares. Estas duas jornalistas, com a conivência de colegas de outros meios e outros amigos jornalistas, "plantam" – não há outro termo, é mesmo "plantar" – notícias a dizer que foram censuradas, que são muito boas, que a informação ou "tem de melhorar" ou"já não pode descer mais", fazem considerações sobre a vida interna da empresa. Pergunto eu: em que empresa séria deste país ou em que multinacional é que isto seria permitido?

O último episódio conhecido foi a censura denunciada por Ana Leal sobre uma peça que aparentemente Judite de Sousa não teria deixado ir para o "ar". Verificou-se posteriormente que nem a Judite de Sousa sabia do assunto, nem a peça tinha sido censurada, uma vez que tinha passado na TVI 24, mas, como o ego da Ana Leal é tão grande, achou que, se não tinha passado no canal generalista, isso era uma provocação. Pois bem, a Ana Leal tem de se convencer de que nem tudo o que faz é bom, ou sequer bem feito. Mas as queixas não são de agora, já no tempo de Manuela Moura Guedes as queixas eram iguais. As chefias para estas jornalistas são sempre más.

Em 2011, a jornalista Alexandra Borges criticou em entrevista publicada no Correio da Manhã a sua entidade patronal, violando o dever de respeitar os seus superiores hierárquicos e a sua entidade patronal. A TVI, e bem, sancionou internamente a jornalista. O que é que esta fez em represália? Pôs a TVI em tribunal e para isso contratou o "justiceiro" Garcia Pereira.

Acontece que há poucas semanas atrás o Tribunal de Trabalho decidiu aquilo que é o do mais elementar bom senso, negando provimento à acção da jornalista Alexandra Borges e lembrando que a liberdade de expressão não é um direito absoluto e ilimitado. "O seu domínio de protecção pára onde ele possa pôr em causa o conteúdo essencial de outro direito." Que Alexandra Borges "está vinculada legalmente ao cumprimento de deveres laborais que tem de respeitar, como o de lealdade e de sigilo quanto a informações internas, que por via da sua conduta violou" e, não menos importante, que, se assim não fosse, "estaria encontrada a justificação para todo o tipo de condutas lesivas dos direitos dos empregadores, bastando recorrer e invocar o direito de expressão". Será que estas duas senhoras terão percebido desta vez que trabalham para a TVI e que estão sujeitas a vínculos hierárquicos e laborais que devem respeitar? Vamos ver.

Sem comentários:

Enviar um comentário