sexta-feira, 5 de abril de 2013

"Infectados" pelas equivalências em risco



O ministro Nuno Crato deu ontem uma entrevista corajosa em que – do seu jeito – deixou claras as irregularidades da licenciatura de Relvas. Nuno Crato é um ministro independente e, curiosamente, dos poucos que não aceitaram um chefe de gabinete nomeado pelo partido. Foi ele que escolheu o seu e, assim, soube manter-se independente.

Soubemos ontem que não há um, mas dois relatórios da Inspecção-Geral da Educação e Ciência. Ficámos também a saber que há, pelo menos, duas centenas de doutores e também alguns mestres que dentro de alguns meses podem deixar de o ser. Aliás, consta que há nomes bem conhecidos neste lote de "infectados" pelas equivalências, há mesmo quem diga que há um mestre da Portugal Telecom entre os visados. O tempo o dirá.

Nuno Crato deixou ontem bem claro que é, como sempre foi, contra a batotice dos "créditos" e, garantem-me que há algum tempo terá mesmo pedido para sair do executivo por não querer pactuar com colegas do governo que tinham claramente desrespeitado a universidade, colocando em causa a credibilidade do ensino superior.

Passaram nove meses até a Inspecção-Geral da Educação e Ciência ter concluído o seu relatório, e este é o único ponto que cheira a esturro. No tempo de Durão Barroso, quando a filha do então ministro dos Negócios Estrangeiros, Martins da Cruz, beneficiou indevidamente (porque fez o 12.º em Portugal) da "quota" de estudantes no estrangeiro para entrar em Medicina, a mesma Inspecção-Geral levou apenas três semanas para apresentar as suas conclusões.

A entrevista de Nuno Crato ontem na SIC não explica tudo, mas toda a gente ficou a perceber o que é que o ministro da Educação pensa da licenciatura de Relvas. Afinal, ainda há gente boa e capaz neste governo.

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